Considerada “a novela das novelas”, “Vale Tudo” ganhou um remake que estreou na TV Globo na última segunda-feira (31). 37 anos depois da exibição original, as atitudes controversas de Maria de Fátima voltaram a chocar os espectadores. Já no primeiro capítulo, a vilã vende a casa onde reside com a mãe, Raquel, e se muda para o Rio de Janeiro em busca de se tornar uma influenciadora digital. 4y131w
Mas, afinal, Maria de Fátima pode ser considerada uma pessoa narcisista? Para levantar este debate, o Purepeople convidou José Yuri de Souza Feijão, psicólogo clínico com foco em psicanálise (CRP 05/68921) e mestrando em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
“Na psicologia, o que denominamos como uma personalidade narcisista remete a alguns padrões de personalidade, como busca excessiva por iração, sentimento de superioridade em relação aos outros e, principalmente, pela falta de empatia”, explica o psicólogo.
José destaca que alguns comportamentos de Maria de Fátima, como a venda da casa, se aproximam do narcisismo. “Maria de Fátima parece colocar seus interesses pessoais acima de tudo e despreza os sentimentos dos outros, inclusive da própria mãe. Essa atitude pode ser compreendida como um traço narcisístico, especialmente amparado pela narrativa que considera a imagem pessoal e a desvalorização dos laços afetivos, priorizando a ascensão social e os ganhos materiais”, diz o profissional.
Embora as características de Maria de Fátima se relacionem com traços narcisistas, há de se ter cautela. O psicólogo reforça que as personagens das novelas são construídas para dramatizar conflitos e exagerar traços para fins estéticos e narrativos.
No entanto, José pondera que personagens como esta ajudam a estender os debates. “O roteiro leva as ações da personagem a um nível absurdo a fim de gerar indignação e reflexão a quem assiste e grande movimentação na trama. Esse exemplo não serve como estudo de caso para eventual instrumentação clínica, mas serve de ponto para reflexão do espectador sobre o limite de até onde poderíamos ir para conquistar o que queremos”, finaliza.
